segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

ameaças à Geodiversidade


Reconhecer que a diversidade geológica está sujeita a ameaças graves idênticas, e por vezes correlacionadas, às que pressionam a biodiversidade implica perceber que a geologia apesar da resiliência “natural” não é imune às intervenções humanas por muito lentos e invisíveis ao olhar humano que os efeitos de tais intervenções possam parecer.
O facto de algumas dessas intervenções serem efectivas há décadas facilita a sua incorporação na leitura do sítio geológico quase como elementos dominantes, caso da extracção massiva das pedreiras da Arrábida ou dos mármores de V.Viçosa-Borba-Estremoz .
Nos exemplos mencionados coexistem diferentes ameaças à geodiversidade, que assentam na valorização do aspecto económico do recurso geológico, cuja dimensão não renovável, finita não é considerada; perda parcial ou total do recurso já que a exploração só é interrompida no limite ou suspensa devido a crises de mercado, interrupção do processo natural desequilibrando as relações geológicas e enfraquecendo as estruturas face a outros fenómenos naturais (sismos), perda de acesso por parte das populações face ao risco das explorações e perda de valor estético, poluição e impacto visual com produção de ruídos e poeiras nocivos aos ecossistemas envolventes, perda de visibilidade e de interesse com a escavação da pedreira a dominar a imagem do sítio, são algumas das ameaças directas e indirectas que se podem elencar.
Para minimizar as ameaças à geodiversidade não basta estabelecer limites à exploração dos recursos, reduzindo planos de lavra e elaborando planos de requalificação; importaria descobrir o verdadeiro custo dos produtos resultantes dessa exploração ponderando o valor económico em conjunto com o valor científico, estético, patrimonial, cultural e recreativo, o que eventualmente levaria à descoberta de outros materiais de substituição, menos agressivos para a geologia e assim se conseguiria reduzir a pressão na sobre exploração dos recursos geológicos.

( Post-Scriptum: recordemos que a Serra da Arrábida está classificada como Parque Natural e engloba diversos exemplos de património natural classificado...)

1 comentário:

Felicidade disse...

Parece que a grande dificuldade está em tentar conciliar preservação da geodiversidade com desenvolvimento sustentável.Por exemplo, são necessárias pedreiras mas porque não associar o conceito de poluidor/pagador ao da preservação dos recursos? Vejo várias vantagens sendo uma delas o aumentos dos custos da matéria prima que conduzirá a uma redução da sua exploração e ao mesmo tempo a construção de um fundo que tentará minorar os efeitos dessa exploração.
Felicidade